Por Nahama Nunes
O Brasil registrou número recorde de ocorrências de desastres naturais em 2023, segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). O país teve 1.161 desastres naturais no ano passado. Segundo o órgão, 716 foram hidrológicos, como transbordamento de rios, e 445 de origem geológica, como deslizamentos de terra.
O município com mais ocorrências foi Manaus, seguido por São Paulo e Petrópolis, no Rio de Janeiro. O ano de 2023 teve dois grandes desastres: os deslizamentos de terra em São Sebastião, no litoral de SP, em fevereiro, que deixaram 64 mortos; e no Vale do Taquari, no RS, em setembro, que matou 53.
Eventos extremos causaram 132 mortes relacionadas a chuvas, 9.263 feridos e 74 mil desabrigados. Ao todo, 524 mil pessoas ficaram desalojadas durante o ano, e o dano material é estimado em R$ 5 bilhões em obras de infraestrutura e unidades habitacionais.
Para o professor Wagner Ribeiro, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP, as chuvas de verão são previstas e, mesmo assim, medidas efetivas não são tomadas pelo poder público. “É preciso adotar um conjunto de medidas para enfrentar essa situação. E esse conjunto passa fundamentalmente por política de habitação. As pessoas precisam de moradia digna, com condições para o enfrentamento de mudanças climáticas. Nós não podemos mais culpar áreas de riscos, é necessário criar edificações em condições mais adequadas para enfrentar esses desafios que serão cada vez mais frequentes. Além disso, também é fundamental dotar as áreas já ocupadas de projetos de infraestruturas, com coleta e tratamento de esgoto, por exemplo. Mas, enquanto esses investimentos não acontecem, é necessário capacitar a população com treinamento de situações de risco, para que ela possa abandonar as áreas em caso de um evento extremo. O desafio é grande, mas é possível sim enfrentar o problema”, ressaltou.
A Central de Notícias da Rádio CANTAREIRA é uma iniciativa do Projeto “AS REDES SOCIAS E O FEMINISMO”. Este projeto foi realizado com o apoio da 7ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.
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