Depois da rapper Negra Li, desta vez o destaque é para o cantor pop, Rigonatto.
Por Gabriel Nassif
A Brasilândia, bairro da periferia da zona norte de São Paulo, revela mais um artista periférico: o cantor e compositor Rigonatto. O bairro já foi palco para a cantora e compositora trans, Liniker, nome na música nacional com os gêneros Soul e Black Music, e berço para a rapper Negra Li, considerada o principal nome do rap feminino nacional.
O cantor, compositor e comunicador, Fernando Rigonatto, mais conhecido nas redes sociais pelo seu nome artístico Rigonatto, é um homem gay de 25 anos, morador da brasilândia e esta no início da sua carreira como cantor pop. Seu primeiro lançamento oficial é a música “VIBRAÇÃO” que já possui mais de 16 mil acessos e clipe oficial no youtube.
Rigonatto revelou para a central de noticias das rádios comunitárias que em breve lançará sua segunda música, “ENERGIA”, que contará com um apoio visual. O lançamento esta programado para o dia 26 de janeiro, sexta feira.
Crescer na Brasilândia e desafiar o preconceito
Em conversa com o repórter Gabriel Nassif, da central de notícias das rádios comunitárias, Rigonatto conta que mora na Brasilândia desde quando nasceu. Ele diz que o bairro cresceu e evoluiu ao mesmo tempo que ele amadureceu.
“Eu sempre morei aqui. Essa casa que a gente tem é própria e eu cresci aqui, então teoricamente eu conheço todo mundo. São quase 26 anos morando na Brasilândia.
Conforme eu fui evoluindo o bairro também foi crescendo evoluindo” relatou.
Para o cantor, o bairro é residencial e seguro. Porém, de acordo com ele, existem questões que ainda precisam melhorar, como a dificuldade de acesso a estações de metrô e trêm. “A Brasilândia é muito longe de tudo. O metrô mais próximo é uma hora e meia” comentou.
Rigonatto também fala sobre o preconceito que existia no bairro e relembra momentos de homofobia que sofreu na sua adolescência. Para ele faltam referências LGBT+ na comunidade.
“No meu clipe de vibração, os dois dançarinos da frente são meus amigos de infância e a gente passava bastante perrengue no quesito de homofobia. Para nós era como se estivessemos sendo zoados por ser gay. A gente não tinha essa consciência de que aquilo era homofobia, que a gente estava passando por algo inadmissível” afirmou o cantor.
Rigonatto acredita que, com o passar dos anos, o crescimento do bairro e o acesso à informação, o preconceito no bairro melhorava a medida que a comunidade compreendia sobre a homossexualidade e homofobia. Ele conclui dizendo que possue um desejo de ver a Brasilândia ser referência para pessoas LGBT’s.
“Eu acredito que quanto mais longe do centro, menos a informação chega. Aqui as pessoas não tinham essa mente de entender e respeitar. Acho que a grande virada de chave foi em 2017 com a Pabllo Vittar. Ela foi um marco na sociedade brasileira. As pessoas olharam para aquele ser ele falou “é uma pessoa, é um homem gay, a gente tem que respeitar”. Um dos meus principais focos é por esse lugar [o bairro] no mapa e falar que aqui também reside pessoas LGBT’s e que a gente vai persistir aqui” concluiu.
A Central de Notícias da Rádio CANTAREIRA é uma iniciativa do Projeto “AS REDES SOCIAS E O FEMINISMO”. Este projeto foi realizado com o apoio da 7ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.
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