Rádio Cantareira Blog Em doações, coletivos adotam protocolos de higiene diante da pandemia do Covid-19

Em doações, coletivos adotam protocolos de higiene diante da pandemia do Covid-19



Fonte: Alma Preta

A solidariedade está fazendo a diferença no combate aos efeitos do Convid-19, o novo coronavírus, diante de um cenário nada animador da economia brasileira, cuja recessão deve deixar milhares de pessoas desempregadas. No entanto, diante das doações de alimentos, materiais de higiene e até mesmo de distribuição de recursos financeiros, o alerta para a implementação de protocolos de segurança e higienização nos processos tem sido cada vez maior.

De acordo com o Instituto Mahin, uma associação de médicos negros, as ações devem seguir um rigoroso padrão de higienização dos produtos e distanciamento social tanto na preparação dos kits como na distribuição dos donativos gerais para evitar a propagação do vírus.

“A primeira coisa é evitar a aglomeração para garantir que o vírus não se espalhe. Para a higienização, os aliados são água e sabão. O álcool em gel também é eficiente, mas sabemos que há uma barreira econômica por conta do preço e da escassez do produto neste momento”, explica a médica Kadi Souza, presidente do instituto.

Segundo a médica, por conta das configurações de moradia do Brasil, os cuidados nestas ações são extremamente importantes. Com muitas favelas em centros urbanos, a pandemia pode ter um efeito mais severo do que na Europa. “Rio e São Paulo são os locais com comunidades extensas que, do ponto de vista médico, é um mau prognóstico. Se o Rio de Janeiro, consegue ser a capital que mais tem tuberculose no Brasil [doença infecciosa mais letal do mundo], o que acontecerá quando a Covid chegar nesses locais?”, disse.

Ações

Nos núcleos de educação popular da Uneafro Brasil, entidade que promove cursos pré-vestibulares, foram adotados protocolos para as tarefas de arrecadação e distribuição. “Orientamos e disponibilizamos os EPI’s [equipamentos de proteção individual] necessários para que não haja exposição ao contágio dos voluntários nesta ação. Centralizamos a entrega em um endereço e cada articulador se organiza para a distribuição no território”, explica Tata Santos, química, educadora popular, cofundadora da Comunidade Cultural Quilombaque e coordenadora de núcleo da Uneafro Brasil em Perus, Zona Noroeste de São Paulo (SP).

Para evitar aglomerações, explica ela, a recomendação é levar as cestas em carros pequenos ou bicicletas até o endereço das famílias em situação de vulnerabilidade previamente mapeadas, ou ainda marcar a retirada das cestas pelas famílias em horários diferentes. A Uneafro conta com 33 núcleos de educação no estado de São Paulo e mais dois no Rio de Janeiro. No momento da entrega, os articuladores também distribuem panfletos e orientam a população sobre a necessidade de limpeza dos produtos que vêm da rua.

Em Salvador (BA), a campanha “Não Toca na Mão, Mas Enche o Coração” tem oito pontos de arrecadação, onde os produtos também são higienizados antes da distribuição. Os voluntários trabalham distantes uns dos outros e com máscaras. Os produtos também são comprados em mercados, com dinheiro de doação, e higienizados.

“A gente não marca um ponto de distribuição ou divulga os locais para evitar a aglomeração. Estamos priorizando os bairros mais carentes do subúrbio. Temos os contatos nos bairros que indicam quem mais está precisando. Estamos colocando nas portas das pessoas já tudo limpo”, explica Naira Gomes, coordenadora da Marcha do Empoderamento Crespo. A campanha tem o apoio de dez entidades.


O #SalveCriadores é uma iniciativa que, a partir do apoio a coletivos e criadores de conteúdo das periferias de São Paulo, vai trazer reflexões e dados sobre a crise do COVID-19 e seus reflexos nas populações negras e periféricas. O projeto, desenvolvido pela Purpose, busca reforçar o importante trabalho que vem sendo feito por criadores de conteúdo e trazer pontos de vista e perspectivas que ainda não foram levantados. Os coletivos que fazem parte dessa iniciativa são o Alma Preta, o Nós, Mulheres da Periferia, a Periferia em Movimento e a Rádio Cantareira. Os conteúdos serão publicados nos canais de cada coletivo e divulgados nas redes sociais do Cidade dos Sonhos.

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