Prefeitura Presente: Cidade Tiradentes recebe 226 hectares de área verde
				O Parque Cabeceiras do Aricanduva promete garantir a proteção ambiental e oferecer um espaço de convivência para os moradores.
De acordo com levantamento do MapBiomas, realizado em 2024, São Paulo possui apenas 7,8% de vegetação em área urbana, número inferior ao do Rio de Janeiro e do Distrito Federal. No entanto, segundo a Prefeitura, 52% do território paulistano têm algum tipo de cobertura vegetal, considerando parques, áreas de proteção e mananciais. A dúvida que fica é: onde estão essas áreas?
O GeoSampa, mapa digital da cidade de São Paulo, mostra que as regiões periféricas têm déficit de áreas verdes em comparação ao centro e à zona oeste. Cidade Tiradentes, por exemplo, apresenta poucas áreas de lazer amplas. Entre elas, destacam-se o Parque da Ciência e o Bosque Asa Branca.
Pensando nisso, o Prefeitura Presente, evento realizado na última quarta-feira, 29 de outubro, aconteceu em Cidade Tiradentes com o objetivo de apresentar soluções para a região. Entre as iniciativas planejadas está o Parque Cabeceiras do Aricanduva, cujas obras estão em fase adiantada e já superaram 70% de execução.
O novo parque será o 7º Parque Natural da cidade de São Paulo e a 12ª Unidade de Conservação Municipal, com mata nativa, nascentes e potencial para estudos e pesquisas sobre recursos naturais. Localizado próximo à nascente do rio Aricanduva, o espaço contará com 226 hectares.
Com soluções sustentáveis — como painéis solares, ventilação cruzada e estruturas suspensas que garantem a permeabilidade do solo —, o parque busca ampliar o contato com a natureza e oferecer um novo espaço de convivência para os moradores.
A visita à instalação contou com a presença do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e do secretário do Verde e do Meio Ambiente, Rodrigo Ashiuchi, que expressaram suas expectativas quanto aos benefícios do projeto para a população de Cidade Tiradentes.
Segundo o prefeito Ricardo Nunes, as obras estão em ritmo acelerado e têm foco em soluções sustentáveis para a preservação ambiental:
“Pro resto da vida, isso aqui vai ser preservado. Estamos fazendo essa infraestrutura, um investimento de R$ 92 milhões, para que as pessoas possam vir e aproveitar essa área. Vai haver toda uma estrutura para aulas sobre meio ambiente e também espaços de trabalho para biólogos.”
A criação do parque integra o Programa de Metas da Prefeitura, atendendo à Meta 63, que prevê a ampliação das áreas verdes e de preservação em São Paulo. O secretário Rodrigo Ashiuchi destacou os avanços da capital no campo da sustentabilidade e os impactos positivos esperados para Cidade Tiradentes:
“Na minha gestão como secretário, essa já é a segunda entrega. Nós entregamos o Parque Consciência Negra, fizemos grandes melhorias em outro parque aqui da região, com campo de futebol e infraestrutura. Agora estamos no Cabeceiras do Aricanduva, com uma entrega muito bacana, voltada à visitação e à educação ambiental.O parque também permitirá que biólogos durmam aqui, de forma agendada, para realizar estudos sobre o ecossistema ao redor. Essa obra trouxe valorização às famílias do entorno onde antes era um lixão, agora há um parque. É um investimento muito grande, e quem ganha é a população, não só de Cidade Tiradentes, mas de toda a zona leste de São Paulo.”
O povo gostou do parque?
O Parque Cabeceiras do Aricanduva faz parte de um esforço municipal para compensar o déficit de áreas verdes em bairros densamente povoados. No entanto, a desigualdade territorial ainda é evidente: regiões como Cidade Tiradentes e Sapopemba continuam com menos acesso a parques, mesmo com o crescimento das áreas verdes em números absolutos.
A estudante de Saúde Bucal e moradora da região, Júlia Ketlin, compartilhou suas impressões sobre as novas instalações:
“Antes o parque não era muito usado, porque ficavam mais os noias aqui. Hoje em dia estão reformando para as crianças brincarem e se divertirem. Além daqui, tem outras áreas de lazer? Tem, tem um clube lá embaixo, mas é muito longe pra quem mora aqui perto — tem que pegar a perua pra descer.”
Júlia acredita que, apesar de existirem áreas verdes na região, muitas são subutilizadas ou negligenciadas por questões de segurança pública. Para ela, é necessário que o poder público considere esses problemas antes da criação de novas estruturas:
“Muita gente desmata, então acho que falta um pouco mais de cuidado também. Tem, mas o povo desmata muito. Faltam ações e oficinas de educação para as pessoas entenderem a importância do cuidado. O clima já está muito poluído, e se continuar assim, vai acabar desmatando tudo. Acho que o parque não vai mudar muito isso. Ele vai estar aí, mas vai ficar parado.”
Por Luiza Borgli e Caroline Rossetto
