PAPO RETO: 1964 – FOI PRIMEIRO DE ABRIL SIM, O DIA MENTIRA

por: Prof. Benedito C. dos Santos – Historiador
O que possuem em comum brasileiros ilustres como Juscelino Kubitschek, Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Carlos Lacerda, Adhemar de Barros e Magalhães Pinto?
Claro que você, se for medianamente informado, já deve ter ouvido esses nomes. Nos casos do ex-presidente Juscelino, o JK, Ulisses Guimarães, o “Senhor Diretas” e Teotônio, que Milton Nascimento eternizou na música “Menestrel das Alagoas”, frequentemente são brasileiros lembrados com o máximo da solenidade, quando não incensados como heróis da pátria.
Pois saibam todos que esses senhores mencionados apoiaram a ofensiva golpista consolidada em 1º de abril de 1964. Sim, a maioria depois se arrependeu. No caso de JK e Lacerda, por possuírem ambições presidenciais que os militares, que achavam que devolveriam o poder aos civis num curto espaço de tempo, não atenderem às suas expectativas.
No dia da mentira de 1964 as forças castrenses dominaram todo o país. Um congresso cheio de golpistas cometeu a infâmia de declarar vaga a presidência da república quando o presidente em exercício, João Goulart, ainda estava em território nacional. Logo depois veio o malfadado Ato Institucional Número 1, cassando mandatos, perseguindo civis e militares não golpistas e iniciando uma série de “atos” discricionários que culminaram com o tristemente célebre Ato número 5, que consolidou a barbárie e deu início a perseguições ainda mais truculentas, até de alguns indivíduos que a princípio haviam aplaudido a quartelada.
Para que golpes militares não se repitam é necessário lembrar que no Brasil liberais ou supostos liberais não possuem pudor em se aliar a fascistas quando seus interesses de classe são ameaçados. Por mais que se fale em “frentes amplas” e se faça concessões aos “centrões” da vida. Por mais que se faça concessões a militares – JK anistiou duas tentativas de golpe achando que isso acalmaria os quartéis – e se tente ser simpático a uma classe média imbecilizada, que ontem como hoje, morre de medo de supostos comunistas.
Não se trata no Brasil de manter a democracia. No nosso país o estado de direito ainda é letra morta para pretos e pobres. Trata-se de conquistá-la. A velha e surrada mobilização popular é o único caminho. Que certamente não passa pela anistia a golpistas, orçamentos secretos e crenças ingênuas de que se pode convencer aqueles que odeiam a democracia a batalhar por ela.
Ditadura Nunca Mais! E Tenho Dito!