No ‘Ambiente por Inteiro’, professora Cristina Fiore fala sobre a natureza na música erudita

Aos 75 anos de idade, a professora Maria Cristina da Ponta Fiore ajudou a formar gerações de músicos em 60 anos de carreira. Pianista, ela também já produziu conteúdos radiofônicos sobre música erudita e tem se dedicado a estudar a presença da natureza nas canções dos grandes nomes da música clássica.

Na edição de 15 de outubro do programa ‘Ambiente por Inteiro’, apresentado por Paulo Jofre na rádio comunitária Cantareira FM, a professora Cristina Fiore (@dapontafiore), como é mais conhecida, compartilhou estes saberes, começando pela execução, ao som de seu piano, de um trecho da obra musical “As quatro estações”, de Antonio Vivaldi (1678-1741).

“A música existe por causa da natureza. Primeiro veio a sonoridade da natureza, depois a música imitou estes sons”, comentou, destacando que a natureza é “a grande ajuda, consolo, refrigério e descanso das pessoas”.

NA OBRA DE BEETHOVEN

Há anos, Cristina Fiore se dedica ao estudo das músicas eruditas dos séculos XVI a XIX. “Os autores se inspiravam na natureza, no som de riacho, de trovão e, também, iam construindo instrumentos a partir de coisas naturais. Hoje, muitas músicas falam de natureza, mas com uma preocupação sobre as questões ambientais”, destacou.

Ao longo do programa, a professora se deteve em analisar a Sinfonia nº 6, Opus 68, de Ludwig van Beethoven (1770-1827), conhecida como “Pastoral”, uma música composta entre 1806 e 1808, e que celebra a natureza, com seus cinco movimentos que descrevem cenas campestres como o despertar, o riacho, a dança, a tempestade e a ação de graças dos pastores.

“Beethoven se inspirava muito na natureza. Ele foi ficando surdo ao longo da vida, e o contato com a natureza foi para ele um grande refrigério. Quanto mais progredia sua surdez, mas ele gostava de ficar próximo da natureza para ouvir os sons”, recordou a professora.

Na análise desta obra de Beethoven, Cristina Fiore mencionou trechos da obra “História Universal da Música”, do suiço Kurt Pahlen, que traça a evolução da música desde a pré-história até a modernidade.

“A vida é som. Continuamente, estamos cercados de sons e de ruídos oriundos da natureza e das várias formas de vida que ela produz”, consta em um dos trechos da obra de Kurt Pahlen lido pela professora, na qual o autor também enfatiza que todo ser humano já nasce com capacidades musicais que podem ser desenvolvidas ao longo da vida. 

Em outro trecho que ela leu da obra, Kurt Pahlen faz um comentário específico sobre a música “Pastoral”, apontado que nesta composição de Beethoven é possível “sentir, em primeiro lugar, duas coisas: liberdade e solidão. Para chegar à liberdade, teve ele de ser rebelde; e para não perecer na solidão, viu-se obrigado a voltar sua alma cheia de amor para a humanidade”.

O USO DA MÚSICA NA LUTA AMBIENTAL

Sobre como a música pode dialogar com a sustentabilidade, a professora lembrou: “A primeira ideia de sustentabilidade é fazer instrumentos com materiais como cano de PVC, latas, rodas, cano de bicicleta. Há muitos anos existem grupos que produzem instrumentos a partir de materiais reciclados”.

Jofre, por sua vez, recordou que o músico Hermeto Pascoal, que morreu em setembro deste ano, foi alguém que se especializou em obter som de diferentes coisas.

O próprio apresentador do ‘Ambiente por Inteiro’ é autor de uma canção com propósito sustentável, chamada “Soldados de Gaia”.

“O verde é a nossa morada, nossa força por Deus consagrada, invisíveis Soldados de Gaia, na nossa luta, a vitória é áurea”, consta em um dos versos da canção, que foi adaptada e é interpretada em um videoclipe pela artista Kethelin Cocchi.

A música Soldados de Gaia foi pensada para o personagem ‘O Folha-Super Herói’, criado por Jofre, e que atua para salvar o meio ambiente e conscientizar as diferentes gerações para a causa ambiental.

“É uma música inspirada na natureza e nos seus efeitos, enaltecendo os defensores da natureza”, comentou Jofre. A letra também fala da exuberância da natureza do Brasil. “Dentro das terras brasileiras, existem as florestas mais exuberantes, com mais diversidade de fauna e de flora em comparação a todo o resto do mundo. Em contrapartida, muitos olham para a floresta não só com encantamento, mas pensando no que podem tirar de proveito deste ambiente”.

ASSISTA A ÍNTEGRA DO ‘AMBIENTE POR INTEIRO’ DE 15 DE OUTUBRO