‘Comunidade em Foco’ destaca o Parque do Morro Grande e questões de saúde

Agora já está na agenda permanente da rádio comunitária Cantareira FM: na última quinta-feira de cada mês, o programa ‘Comunidade em Foco’ abre os microfones para tratar das temáticas que impactam na saúde e na qualidade de vida das pessoas da periferia da zona Noroeste da cidade.

Em 31 de julho, no programa apresentado por Adão Alves e Juçara Terezinha, a roda de conversa foi sobre os benefícios que toda a população terá com a instalação do Parque Municipal do Morro Grande.

Os convidados para a conversa foram Elizabette de Paula, do Conselho do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Cades Freguesia do Ó/Brasilândia), e Rui Primo e Cida Pazinatto, conselheiros do Parque Municipal Morro Grande. Também participaram o professor Marcos Rubens, liderança comunitária e agente da Pastoral da Saúde; e a senhora Isabel, profissional da área da Saúde e já tendo participado de conselhos gestores de unidades de saúde.

UM PARQUE PARA O BENEFÍCIO DE TODOS

Elizabette, Rui, Cida, Marcos Rubens, Isabel e Adão Alves

Inicialmente, Elizabette de Paula explicou que o Cades Freguesia/Brasilândia tem buscado tratar em suas reuniões mensais de todas as demandas ambientais da região, o que inclui a proteção das nascentes de água: “A gente precisa que os munícipes participem das reuniões e levam essas demandas”.

Rui Primo lembrou que a preservação do meio ambiente está diretamente relacionada às questões de saúde e de qualidade de vida: “Estamos na luta para preservar as nossas áreas verdes, uma delas o Parque Municipal do Morro Grande. Lá temos algumas nascentes, como o Córrego do Congo. Portanto, a nossa luta é para preservar toda aquela área, também todas aquelas edificações históricas. E o princípio de tudo é manter as árvores de pé, que são fundamentais para a qualidade do ar e nos protegem do calor excessivo”.

Cida Pazinatto disse desejar que o parque possa suprir as necessidades de toda a população e que também mantenha viva memória do bairro e leve a entender como se deu o desenvolvimento da região.

Rui recordou que um grupo de moradores vislumbrou que da antiga pedreira do Morro Grande poderia emergir um grande território verde cultural, “preservando os remanescentes de Mata Atlântica e as edificações históricas que ali existem, como igrejas, cinema e casas operárias”, além de uma famosa tecelagem em torno da qual se formou o bairro do Morro Grande.

“O Parque vai beneficiar a região como um todo sob vários aspectos: nessa questão de preservação ambiental e conexão com o verde, também nas questões de saúde e de qualidade de vida da população, bem como na questão cultural a partir destas edificações históricas, além do desejo de termos um espaço de educação ambiental”, prosseguiu Rui.

TER PARQUES NA PERIFERIA É UMA NECESSIDADE

Os trabalhos do conselho gestor do Parque começaram neste mês, com a atuação de seis conselheiros titulares e três suplentes. O projeto de implementação do parque será finalizado de forma participativa em outubro. Duas outras reuniões participativas já ocorreram, nas quais os participantes puderam falar de como desejam quem seja o parque, e cujas propostas foram acolhidas pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

Rui disse ainda que há a proposta de se implementar corredores verdes na região, partindo da Marginal Tietê até o futuro Parque Municipal do Morro Grande, conectando áreas verdes para o trânsito da fauna e da flora, contribuindo para a boa qualidade do meio ambiente na região.

Marcos Rubens recordou que há 10 anos havia um Projeto do Parque Municipal da Brasilândia, mas que devido à ocupação irregular na área onde seria feito isso se tornou inviável e hoje lá predominam habitações precárias. Em seu entender, a viabilização do Parque do Morro Grande é uma mostra de cidadania, de que as pessoas se uniram em busca de um ideal, apesar das diferenças de pensamento, e que poderá trazer melhorias de até de mobilidade para a região.

Embora entusiasmada com o futuro parque, dona Isabel alertou que a comunidade precisa se engajar para cobrar do poder público que mantenha o parque e não o repasse à iniciativa privada, como tem feito a prefeitura em alguns casos. “Temos de conscientizar a população sobre a importância da luta por direitos”, insistiu.

“A periferia merece e precisa de parques, não é luxo! Temos de nos sentir merecedores de qualidade de vida, de bem-estar. Por isso, chamo a população a estar com a gente, a apoiar este parque para que ele saia o melhor possível para todos”, conclui Rui.

ABAIXO VEJA A ÍNTEGRA DA LIVE DE 31 DE JULHO

PERMANENTE LUTA POR MELHORIAS EM SAÚDE

Já na edição de 26 de junho do ‘Comunidade em Foco’, a conversa foi sobre como as lutas pelas melhorias em saúde são uma importante questão social.

Marcos Rubens, por exemplo, lembrou que uma criança com diabetes tem direto que um profissional de enfermagem do SUS vá até sua escola para que receba a devida aplicação de insulina, mas que a maioria das famílias desconhece isso.

Dona Isabel, por sua vez, ressaltou que os usuários precisam participar dos conselhos gestores das unidades de saúde para, assim, conhecerem como funciona o SUS e saibam cobrar pontualmente por seus direitos, fazendo-o de maneira qualificada. “Se não soubermos falar sobre a importância de ser conselheiro, a pessoa não irá se interessar. Acabará apenas chegando na unidade de saúde e discutindo com o funcionário quando tiver um problema”.

Também participante do programa, Fernando Chagas, do Instituto Mensagem de Paz, lembrou que os usuários do SUS não são informados sobre os seus direitos, nem procuram saber a respeito disso. “Temos de tentar formar mais pessoas dentro das comunidades e núcleos sociais para que possam passar informação de uma maneira que a população consiga entender”, defendeu.

Juçara Terezinha e Adão Alves, apresentadores do programa, reforçaram que tem havido dificuldades para o efetivo controle social do SUS.

Já Marcos Rubens alertou para as recorrentes falta de médicos pediatras e geriatras nas unidades básicas de saúde da periferia. Ele também lembrou que lutar de modo amplo pelas demandas de saúde é missão da Pastoral da Saúde que atua em três dimensões: no cuidado ao doente onde quer que esteja; na dimensão curativa, que não significa necessariamente tratamento medicamentoso; e nas questões político-institucionais, para assegurar que no serviço de saúde a pessoa seja bem-atendida e tenha seu direito respeitado.

Dona Isabel lembrou que a população ao receber o indicativo de uma medicação pode perguntar ao médico se não existe mesmo medicamento natural, a fim de evitar um excesso medicamentoso. A esse respeito, Adão Alves alertou que o excesso de medicamentos impacta nos rins a curto e médio prazo.

Por fim, os participantes refletiram sobre como melhorar as questões de acesso a saúde no “fundão da Brasilândia”, os bairros mais distantes de tudo na região.

Fernando disse ser importante mapear entre as pessoas na comunidade quais são os profissionais de saúde e de educação física para que ajudem a pensar e lutar por ações de melhorias na qualidade de vida das pessoas, iniciativas preventivas de saúde, de busca de alimentação equilibrada e de educação para a atividade física de crianças e adolescentes.

VEJA A ÍNTEGRA DA LIVE DE 26 DE JUNHO