Cantareira 30 anos: papos e canções com Zulu de Arrebatá, Sueli Rocha, Carlos Mahlungo e Cacá Lopes

Pense naquela live cheia de histórias, causos e com boas canções. Pensou? Pois foi justamente o que rolou em 20 de setembro, na programação especial de 30 anos da rádio comunitária Cantareira FM, quando quatro artistas dividiram os estúdios da rádio do povo: Zulu de Arrebatá, Sueli Rocha, Carlos Mahlungo e Cacá Lopes.

Entrevistados por Beto Souza, Léo Pereira, Adão Alves e Gilberto Cruz, os cantores recordaram a própria trajetória artística, contaram como é viver da arte em uma cidade como São Paulo e enalteceram o trabalho de comunicação alternativa e popular feito pela Cantareira FM.

Sueli é paulistana e começou a cantar ouvindo as canções no rádio e a coleção de discos de seu pai. Depois, a convite de um amigo, passou a cantar em público. Ela disse que sempre busca encontrar a beleza das composições e dos temas retratados: “Dá pra se falar de amor de uma maneira muito elegante, como se ouve nas canções de Chico Buarque, de João Bosco e de Lupicínio Rodrigues. Há grandes autores que falam das coisas de maneira bela. Cantar coisas belas nos acalma”.

Zulu (com o violão na foto acima) também é paulistano, mas sempre conviveu com muitos artistas do Norte e do Nordeste do Brasil, em seu bairro, São Miguel Paulista. Ele já trabalhou com Tom Zé. Em suas músicas, fala dos temas cotidianos de São Paulo: “Faço crônicas do dia a dia, do que observo, do que eu ouço, e daí tem tudo: violência, formas de amor, trânsito. Minha música, portanto, reflete toda esta turbulência, essa movimentação, que é São Paulo”.

Carlos Mahlungo é mineiro e está há mais de 40 anos em São Paulo. Seus pais eram músicos. Ele disse que em suas músicas fala sobre Minas Gerais, em um tom saudoso da vida na roça quando criança. Ele lamentou a destruição ambiental que vem acontecendo em todo o estado de Minas Gerais.

Cacá Lopes, Léo Pereira e Beto Souza

Cacá Lopes nasceu em Araripina, no sertão de Pernambuco. Na juventude, foi locutor de rádio, mas depois se apaixonou pela música. Aos 2 anos de idade, teve paralisia infantil que o afetou o braço esquerdo. Aos 9 anos, seu pai o presenteou com um violão: “ele trocou com o vizinho por uma cabra. Desde então, aprendi a tocar sozinho em casa, com os três dedos da mão direita, com o violão deitado, e não parei mais”.

Há 41 anos, Cacá vive em São Paulo. Escritor, ele é autor de quatro livros, entre os quais “A história da capoeira” e “Flores do Mandacaru” e já publicou 52 histórias em folheto de cordel.

VEJA COMO FOI A LIVE COM OS 4 ARTISTAS EM 20 DE SETEMBRO