‘Ambiente por Inteiro’ destaca ações em educação ambiental e permacultura

Todas as quartas-feiras, das 12h05 às 13h, diretamente da Serra da Cantareira, em Mairiporã (SP) – com reprise aos sábados, às 7h -, Paulo Jofre conversa sobre variados temas ambientais com convidados no programa “Ambiente por Inteiro”, apresentado na rádio comunitária Cantareira FM.

Na edição de 2 de julho, o diálogo foi com o casal Rosana Ochiro e Marius Lopesini, permacultores, que se conheceram no ano de 2018, sendo que ele já estava envolvido com estas atividades desde 2006.

Marius, que é norte-americano, chegou ao Brasil na juventude. Já Rosana viveu por três anos no Japão. “Enquanto aqui a nossa cultura está se afastando cada vez mais da terra e do contato com aquilo que é natural de fato, no Japão se preserva a cultura do cuidado com a terra, o hábito de plantar os alimentos, nem que seja uma hortinha pequena no fundo do quintal”, comentou Rosana.

Em linhas gerais, a permacultura é uma ciência socioambiental de planejamento de assentamentos humanos autossustentáveis, para que evoluam, naturalmente, para relacionamentos dinâmicos e renováveis com o ambiente ao seu redor. Cuidar da terra, das pessoas e do futuro são os pilares da permacultura.

Marius recordou que a permacultura surgiu na década de 1970, por Bill Mollison e David Holmgren. Trata-se de uma contração para “Permanent Agriculture”, um conceito ao que hoje se aproxima do que comumente se chama de sustentabilidade, e que se espalhou pelo mundo em uma década na qual se temia que pessoas passariam fome no mundo pelo fato de a terra já não ser mais tão produtiva como antes, em razão do desgaste que o ser humano nela provocou, especialmente com a mecanização dos processos produtivos, como o uso do arrado, que faz com que o solo demore mais a recompor suas propriedades de fertilidade: “Estamos degradando tanto os biomas por meio do excesso de consumo e de uma sociedade materialista”.

O permacultor lembrou, ainda, que a permacultura muito se difundiu pela África, especialmente pelo fato de Bill Mollison ter ido ensinar as populações sobre como fazê-la, de modo que elas próprias passaram a entender a dinâmica dos territórios em que estavam e daquilo que precisava melhorar para continuarem vivendo bem e de modo sustentável.

RESSIGNIFICAR

Marius disse que em suas trajetórias para ensinar permacultura em territórios periféricos, descobriu pessoas abandonadas, “mas ao ressignificar os territórios com as coisas que estão ao redor delas, não se faz somente uma ressignificação do território, mas também de dentro destas pessoas”.

“Trata-se de ressignificar um recurso que está ali abandonado e a pessoa que é do território passar a ter um olhar novo sobre aquilo”, completou Rosana.

O casal falou ainda sobre o Freeganismo, que surgiu nos Estados Unidos, em um movimento de pessoas que percebeu que os recursos estavam disponíveis e que poderiam ser utilizados e ressignificados.

“Assim, em vez de você sempre ficar consumindo coisa nova e dando dinheiro para o mercado, para as grandes empresas, você vai ressignificar aquilo que já está pronto. Por exemplo: por que as pessoas continuam comprando roupas novas se toda a roupa que já foi fabricada até aqui vestiria sete gerações? No freeganismo, a ideia é você olhar para os recursos já tem ao redor e reaproveitá-los, compartilhá-los. Tudo é recurso. Não existe lixo”, enfatizou Rosana.

Trata-se, portanto, de alcançar um estilo de vida que busca reduzir o consumo e o impacto ambiental por meio da reutilização de recursos descartados e da minimização da participação no sistema econômico convencional.

Interessados em conhecer as ações do casal ou chamá-lo para um consultoria de como melhorar a terra/território em que estão podem fazer contato pelas seguintes contas no Instagram: @mariuslopesini e @permatriarca.

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRIA CIDADÃOS CONSCIENTES

Já na edição de 25 de junho, o diálogo foi com a pedagoga Adriana Buazar, que vive na Serra da Cantareira desde 1991 e por anos lecionou e foi diretora em escolas na cidade de Mairiporã, nas quais difundiu os conceitos de educação ambiental a diferentes gerações de estudantes.

“Estamos em uma área de proteção ambiental, assim todas as intervenções aqui deveriam ser levadas muito a sério”, enfatizou Adriana, destacando ser possível conciliar desenvolvimento econômico, turismo e a preservação ambiental, se houver uma séria gestão responsável dos recursos, como quando se decidiu, por exemplo, construir um parque estadual para preservar as nascentes de águas.

Adriana ressaltou que a temática ambiental seja tratado de modo transversal nas disciplinas escolares: “O mais importante é criar cidadãos conscientes. As crianças de hoje precisam se tornar cidadãos críticos e com visão de que a preservação é mais do que necessária, já que estamos sentindo os impactos na pele”, comentou, destacando que isso só será possível se as crianças sentirem real pertencimento ao local em que estão para dele cuidar melhor, incentivando os adultos a também fazê-lo.

Essa educação ambiental também deve fazer com que as pessoas se atentem mais ao volume de lixo que produzem e como tem feito o descarte dos itens, a fim de que sejam estimuladas a uma cultura de reciclagem. Ela recordou que em Mairiporã há uma cooperativa de reciclagem, mas que trabalha apenas com 3% da sua capacidade. “Só há um caminhão na cidade que faz essa coleta. Bastaria ter mais caminhões e uma gestão mais eficaz dos resíduos para este percentual aumentar”.

Adriana Buazar lembrou, ainda, que a educação ambiental também contempla pensar em justiça social, já que as pessoas muito carentes acabam sendo levadas a morar em áreas próximas a rios e acabam despejando esgoto.

VEJA COMO FOI A LIVE COM ADRIANA BUAZAR