O Projeto de Emenda Constitucional (PEC) pelo fim da escala de trabalho 6×1 também ganha força nas redes sociais e conquista cada vez mais apoiadores.
Por Gabriel Nassif
A discussão sobre o fim da escala de trabalho 6×1, em que o trabalhador atua seis dias
seguidos para folgar um, está no centro das discussões no Congresso Nacional e ganha cada vez
mais apoio nas redes sociais.
Sindicalistas e movimentos populares destacam o impacto desse modelo na saúde e no
bem-estar dos trabalhadores. Além disso, parlamentares argumentam que o modelo atual
dificulta o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, principalmente em setores como
comércio, indústria e serviços essenciais.
Para o jovem Felipe Alves (22), esse modelo de trabalho 6×1 é precário e não é mais adequado
para a sociedade atual. “A escala seis por um é muito desumana, por ser uma escala feita a seis
décadas atrás e que não é algo que encaixa mais na sociedade que a gente vive hoje em dia” ,
afirmou.
Segundo Felipe, os maiores problemas desse modelo de trabalho é a exaustão física e
psicológica. “É algo que tira toda a nossa saúde mental porque você não consegue ter uma um
descanso adequado; fora todos os problemas de saúde mental que a gente desenvolve como
depressão e ansiedade” relatou.
No Senado Federal, o Projeto de Lei 1.105/2023, do senador Weverton Rocha (PDT-MA), sugere
reduzir a jornada semanal sem diminuir o salário, desde que acordado entre empresas e
sindicatos.
Desse mesmo modo, Paulo Paim (PT-RS), relator do projeto, aponta que a medida pode
estimular a criação de até 2,5 milhões de novos empregos, considerando que uma jornada
reduzida abriria espaço para novas contratações.
Já a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) propôs uma resolução que incentiva as
empresas a adotar jornadas mais curtas, premiando-as com um “Diploma Empresa Ideal” pelas
boas práticas laborais.
O estudante de psicologia, Gustavo Santos (22), relata sua experiência ao trabalhar como
promotor de vendas, porém comenta que a escala 6×1 atrapalha sua rotina. “Por estar no
último semestre, pelo menos no meu curso, precisa muito que eu tenha tempo por causa dos
estágios” contou.
“Durante a semana inteira eu preciso fazer estágios e, na faculdade, fazer a supervisão; então
o único tempo que eu tenho livre de fato para fazer relatórios, que são muitos, é no final de
semana, mas no final de semana eu não estou tão livre por causa do trabalho” desabafou
Gustavo.
Na Câmara dos Deputados, a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou uma proposta de
emenda à Constituição que busca eliminar a escala 6×1, possibilitando semanas mais
equilibradas, como a jornada 4×3, quatro dias de trabalho e três de descanso.
Essa iniciativa já conta com um abaixo-assinado de mais de 1,3 milhão de pessoas e destaca os
impactos negativos da escala 6×1, que contribui para a exaustão dos trabalhadores e
compromete sua saúde mental.
Essas propostas ganham força em um contexto de mudanças globais nas relações de trabalho.
Experiências de empresas que adotaram semanas de trabalho reduzidas mostraram ganhos de
produtividade e melhoria na satisfação dos funcionários.
No Brasil, o projeto-piloto “4 Day Week” reúne 21 empresas e indica que 82% dos
trabalhadores relataram mais disposição no novo formato. Para os defensores da mudança, a
flexibilização das jornadas reflete uma adaptação necessária ao novo perfil dos trabalhadores,
que priorizam bem-estar e qualidade de vida